O que é o nada?
Nada?
Por acaso já não o viste?
Repara: nem o viste nem o não viste.
Só vemos metade de tudo o que existe.
Não há nada dentro do nada?
Isso é o que se diz.
O nada está cheio de coisas
que não há que há.
se juntares um pirulim
e um anti- pirulim,
que são assim como um não e um sim,
ambos desaparecem de uma assentada.
Para onde vão eles, então? Para o nada.
Ou seja, o nada está cheio
de pirulins e de anti-pirulins,de nãos e de sins.
E do mais que por lá haverá.
Há quem lá tenha visto um zegalete,
um interstúncio e, vê lá tu, um cromolim.
É verdade, um cromolim.
ou antes, dois, um pequeno
e outro grande, dos maiores de todos.
Assim!
se não houvesse o nada,
não existia mais nada.
Para que aconteça alguma coisa
é preciso que não haja nada primeiro.
Onde nada há ouve-se a respiração
de tudo o que vai existir.
Tudo o que existe, já esteve lá, no nada.
Estas palavras vieram do nada.
Tu também vieste do nada.
se agora és,ao nada o deves.
Quando já não fores,lá voltarás,
e lá ficarás, à espera do que vai acontecer.
És um nada que espera, sem o saber.
E não digas que não és nada
porque ser nada é já um modo de ser.
Obrigada Álvaro de Magalhães!
1 comentário:
Espectacular!!!!
Não o conhecia! Gostei mesmo. É mesmo um tema que gosto "LIvros, poesia e filosofia"
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