quinta-feira, abril 14, 2011

Platero e eu II

Estava eu a reler Platero e eu... quando me deparei com um capítulo sobre andorinhas...

"As andorinhas já aqui estão, Platero, e mal se ouvem. Mas nos outros anos, no dia da chegada saudavam e bisbilhotavam tudo, palrando sem tréguas no seu ondulado gorjeio. Contavam  às flores o que haviam visto em África, as suas duas viagens por mar, deitadas na água, com a asa por vela, ou nas enxárcias dos barcos; e outros ocasos, outras auroras, outras noites com estrelas...
Não sabem que fazer. Voam, mudas, desorientadas, como as formigas quando uma criança lhes pisa o carreiro. Não se atrevem a subir e descer  a Rua Nova em insistente linha nos seus ninhos dos poços, nem a pôr-se nos fios do telégrafo, que o norte faz zumbir, na sua imagem clássica de mensageiras, junto aos isoladores brancos... Vão morrer de frio, Platero!"


1 comentário:

Maria Nazaré de Souza Oliveira disse...

Tão lindo, este excerto! Tão lindas, as andorinhas!

Beleza e perfeição em simultâneo.