terça-feira, março 06, 2007



" Durante o acto da leitura(da interpretação, da declamção), a posse de um livro adquire por vezes uma espécie de valor de talismã. No Norte de França, mesmo hoje em dia, os contadores de histórias das aldeias usam os livros como adereços; memorizam o texto, mas mostram a sua autoridade fazendo de conta que estão a ler, mesmo quando o seguram de pernas para o ar. Algo na posse de um livro - um objecto que pode conter um número infindável de fábulas, de palavras sábias, crónicas de outras eras, episódios humorísticos e revelações divinas - dá ao leitor o poder de criar uma história e ao ouvinte a sensação de estar presente no momento da criação da obra. O que importa nessas ocasiões é que o momento da leitura se represente na sua totalidade - a saber, com um leitor, uma audiência e um livro - sem o que o espectáculo não estaria completo."

in Uma História da Leitura

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